Amamentação: o que podemos aprender com os índios?

Dia 19 de abril foi dia do índio e, em homenagem a eles, começo o texto de hoje com uma parábola:

“O velho índio falou:
-Dentro de mim existem dois lobos. O lobo do ódio e o lobo do amor.
Ambos disputam o poder sobre mim.
-Qual vence? Perguntou o jovem índio.
– Aquele que eu alimento.”

E por que eu escolhi essa parábola em especial? Pra falar de coisas que podemos aprender com os índios: Amamentar é natural e biologicamente determinado. Sendo assim, porque vemos tantas mulheres com dificuldades pra amamentar seus bebês? Porque a prevalência de aleitamento materno exclusivo no Brasil é de 54 dias? Porque precisamos de leis que permitam que mulheres amamentem seus filhos em paz? Diversos fatores podem ser considerados ao levantarmos essas questões. O século 20 em especial, foi marcado, dentre outras coisas pelo surgimento do leite em pó, dando início a era do aleitamento artificial. Além disso, a industrialização, a urbanização e consequente entrada da mulher no mercado de trabalho, a medicalização do parto e a instituição de rotinas hospitalares que separam precocemente mãe e bebê também representam obstáculos imensos no estabelecimento e manutenção desse processo.

As índias têm mais leite que nós, mulheres urbanas? Certamente que não. O que elas não têm, e isso ao meu ver, faz toda a diferença é um cérebro sabotador, socialmente condicionado que faça com que elas duvidem de sua capacidade em amamentar. Elas não têm a famigerada balança, que faz qualquer nível de ocitocina ir ladeira abaixo. Elas não têm a mamadeira e a lata do leite em pó na primeira esquina. Elas não têm uma sociedade que julga, mas sim, uma tribo que acolhe. Elas não têm um relógio que controla o tempo de mamada e restringe o acesso a todas as fases do leite materno. Elas têm um sling, que favorece o contato pele a pele e lhes dá a liberdade necessária pra cumprir outras atividades dentro da tribo. Elas não têm quem as obrigue a fazer dessa ou daquela forma, elas simplesmente o fazem, como deve ser. Respeitam o curso natural das coisas, como deve ser.

E nessa história, qual lobo vence? O lobo do amor, porque é esse que elas alimentam todos os dias.

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